quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

OS 4+ de Estudos Brasileiros



Os quatro livros mais importantes (com muito sacrifício, com muita dificuldade em escolher) para a minha perspectiva dos Estudos Brasileiros:

Agostinho da SILVA – Ensaios sobre Cultura e Literatura Portuguesa e Brasileira, Lisboa, Círculo de Leitores, 2002, 2 vols.
Sérgio Buarque de HOLANDA – Raízes do Brasil, 4.ª ed. (1.ª portuguesa), Lisboa, Gradiva, 2000
Paulo FERREIRA DA CUNHA – Lusofilias, Porto, Caixotim, 2005
Alberto Carlos ALMEIDA – A Cabeça do Brasileiro, 2.ª ed., Rio de Janeiro / São Paulo, Record, 2007

Tiverem que obviamente ficar de fora todos os estudos sobre áreas parciais: história, sociologia, arte, literatura, etc...
Mas tendo que escolher, está escolhido: são estes quatro.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

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Um interessante e incomum "conto de Natal".


Machado de Assis

MISSA DO GALO

Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela trinta. Era noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa do galo, preferi não dormir; combinei que eu iria acordá-lo à meia-noite.
A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de minhas primas. A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-me bem, quando vim de Mangaratiba para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia tranqüilo, naquela casa assobradada da rua do Senado, com os meus livros, poucas relações, alguns passeios. A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. Às dez horas da noite toda a gente estava nos quartos; às dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito direito.
Boa Conceição! Chamavam-lhe "a santa", e fazia jus ao título, tão facilmente suportava os esquecimentos do marido. Em verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem grandes lágrimas, nem grandes risos. No capítulo de que trato, dava para maometana; aceitaria um harém, com as aparências salvas. Deus me perdoe, se a julgo mal. Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito nem feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar.
Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pelos anos de 1861 ou 1862. Eu já devia estar em Mangaratiba, em férias; mas fiquei até o Natal para ver "a missa do galo na Corte". A família recolheu-se à hora do costume; eu meti-me na sala da frente, vestido e pronto. Dali passaria ao corredor da entrada e sairia sem acordar ninguém. Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão, eu levaria outra, a terceira ficava em casa.
- Mas, Sr. Nogueira, que fará você todo esse tempo? perguntou-me a mãe de Conceição.
- Leio, D. Inácia.
Tinha comigo um romance, os Três Mosqueteiros, velha tradução creio do Jornal do Comércio. Sentei-me à mesa que havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene, enquanto a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D’Artagnan e fui-me às aventuras. Dentro em pouco estava completamente ébrio de Dumas. Os minutos voavam, ao contrário do que costumam fazer, quando são de espera; ouvi bater onze horas, mas quase sem dar por elas, um acaso. Entretanto, um pequeno rumor que ouvi dentro veio acordar-me da leitura. Eram uns passos no corredor que ia da sala de visitas à de jantar; levantei a cabeça; logo depois vi assomar à porta da sala o vulto de Conceição.
- Ainda não foi? Perguntou ela.
- Não fui; parece que ainda não é meia-noite.
- Que paciência!
Conceição entrou na sala, arrastando as chinelinhas da a1cova. Vestia um roupão branco, mal apanhado na cintura. Sendo magra, tinha um ar de visão romântica, não disparatada com o meu livro de aventuras. Fechei o livro; ela foi sentar-se na cadeira que ficava defronte de mim, perto do canapé. Como eu lhe perguntasse se a havia acordado, sem querer, fazendo barulho, respondeu com presteza:
- Não! qual! Acordei por acordar.
Fitei-a um pouco e duvidei da afirmativa. Os olhos não eram de pessoa que acabasse de dormir; pareciam não ter ainda pegado no sono. Essa observação, porém, que valeria alguma coisa em outro espírito, depressa a botei fora, sem advertir que talvez não dormisse justamente por minha causa, e mentisse para me não afligir ou aborrecer. Já disse que ela era boa, muito boa.
- Mas a hora já há de estar próxima, disse eu.
- Que paciência a sua de esperar acordado, enquanto o vizinho dorme! E esperar sozinho! Não tem medo de almas do outro mundo? Eu cuidei que se assustasse quando me viu.
- Quando ouvi os passos estranhei; mas a senhora apareceu logo.
- Que é que estava lendo? Não diga, já sei, é o romance dos Mosqueteiros.
- Justamente: é muito bonito.
- Gosta de romances?
- Gosto.
- Já leu a Moreninha?
- Do Dr. Macedo? Tenho lá em Mangaratiba.
- Eu gosto muito de romances, mas leio pouco, por falta de tempo. Que romances é que você tem lido?
Comecei a dizer-lhe os nomes de alguns. Conceição ouvia-me com a cabeça reclinada no espaldar, enfiando os olhos por entre as pálpebras meio-cerradas, sem os tirar de mim. De vez em quando passava a língua pelos beiços, para umedecê-los. Quando acabei de falar, não me disse nada; ficamos assim alguns segundos. Em seguida, vi-a endireitar a cabeça, cruzar os dedos e sobre eles pousar o queixo, tendo os cotovelos nos braços da cadeira, tudo sem desviar de mim os grandes olhos espertos.
- Talvez esteja aborrecida, pensei eu.
E logo alto:
- D. Conceição, creio que vão sendo horas, e eu...
- Não, não, ainda é cedo. Vi agora mesmo o relógio; são onze e meia. Tem tempo. Você, perdendo a noite, é capaz de não dormir de dia?
- Já tenho feito isso.
- Eu, não; perdendo uma noite, no outro dia estou que não posso, e, meia hora que seja, hei de passar pelo sono. Mas também estou ficando velha.
- Que velha o quê, D. Conceição?
Tal foi o calor da minha palavra que a fez sorrir. De costume tinha os gestos demorados e as atitudes tranqüilas; agora, porém, ergueu-se rapidamente, passou para o outro lado da sala e deu alguns passos, entre a janela da rua e a porta do gabinete do marido. Assim, com o desalinho honesto que trazia, dava-me uma impressão singular. Magra embora, tinha não sei que balanço no andar, como quem lhe custa levar o corpo; essa feição nunca me pareceu tão distinta como naquela noite. Parava algumas vezes, examinando um trecho de cortina ou consertando a posição de algum objeto no aparador; afinal deteve-se, ante mim, com a mesa de permeio. Estreito era o círculo das suas idéias; tornou ao espanto de me ver esperar acordado; eu repeti-lhe o que ela sabia, isto é, que nunca ouvira missa do galo na Corte, e não queria perdê-la.
- É a mesma missa da roça; todas as missas se parecem.
- Acredito; mas aqui há de haver mais luxo e mais gente também. Olhe, a semana santa na Corte é mais bonita que na roça. São João não digo, nem Santo Antônio...
Pouco a pouco, tinha-se inclinado; fincara os cotovelos no mármore da mesa e metera o rosto entre as mãos espalmadas. Não estando abotoadas, as mangas, caíram naturalmente, e eu vi-lhe metade dos braços, muitos claros, e menos magros do que se poderiam supor. A vista não era nova para mim, posto também não fosse comum; naquele momento, porém, a impressão que tive foi grande. As veias eram tão azuis, que apesar da pouca claridade, podia contá-las do meu lugar. A presença de Conceição espertara-me ainda mais que o livro. Continuei a dizer o que pensava das festas da roça e da cidade, e de outras coisas que me iam vindo à boca. Falava emendando os assuntos, sem saber por quê, variando deles ou tornando aos primeiros, e rindo para fazê-la sorrir e ver-lhe os dentes que luziam de brancos, todos iguaizinhos. Os olhos dela não eram bem negros, mas escuros; o nariz, seco e longo, um tantinho curvo, dava-lhe ao rosto um ar interrogativo. Quando eu alteava um pouco a voz, ela reprimia-me:
- Mais baixo! Mamãe pode acordar.
E não saía daquela posição, que me enchia de gosto, tão perto ficavam as nossas caras. Realmente, não era preciso falar alto para ser ouvido; cochichávamos os dois, eu mais que ela, porque falava mais; ela, às vezes, ficava séria, muito séria, com a testa um pouco franzida. Afinal, cansou; trocou de atitude e de lugar. Deu volta à mesa e veio sentar-se do meu lado, no canapé. Voltei-me, e pude ver, a furto, o bico das chinelas; mas foi só o tempo que ela gastou em sentar-se, o roupão era comprido e cobriu-as logo. Recordo-me que eram pretas. Conceição disse baixinho:
- Mamãe está longe, mas tem o sono muito leve; se acordasse agora, coitada, tão cedo não pegava no sono.
- Eu também sou assim.
- O quê? Perguntou ela inclinando o corpo para ouvir melhor.
Fui sentar-me na cadeira que ficava ao lado do canapé e repeti a palavra. Riu-se da coincidência; também ela tinha o sono leve; éramos três sonos leves.
- Há ocasiões em que sou como mamãe: acordando, custa-me dormir outra vez, rolo na cama, à toa, levanto-me, acendo vela, passeio, torno a deitar-me, e nada.
- Foi o que lhe aconteceu hoje.
- Não, não, atalhou ela.
Não entendi a negativa; ela pode ser que também não a entendesse. Pegou das pontas do cinto e bateu com elas sobre os joelhos, isto é, o joelho direito, porque acabava de cruzar as pernas. Depois referiu uma história de sonhos, e afirmou-me que só tivera um pesadelo, em criança. Quis saber se eu os tinha. A conversa reatou-se assim lentamente, longamente, sem que eu desse pela hora nem pela missa. Quando eu acabava uma narração ou uma explicação, ela inventava outra pergunta ou outra matéria, e eu pegava novamente na palavra. De quando em quando, reprimia-me:
- Mais baixo, mais baixo...
Havia também umas pausas. Duas outras vezes, pareceu-me que a via dormir; mas os olhos, cerrados por um instante, abriam-se logo sem sono nem fadiga, como se ela os houvesse fechado para ver melhor. Uma dessas vezes creio que deu por mim embebido na sua pessoa, e lembra-me que os tornou a fechar, não sei se apressada ou vagarosamente. Há impressões dessa noite, que me aparecem truncadas ou confusas. Contradigo-me, atrapalho-me. Uma das que ainda tenho frescas é que, em certa ocasião, ela, que era apenas simpática, ficou linda, ficou lindíssima. Estava de pé, os braços cruzados; eu, em respeito a ela, quis levantar-me; não consentiu, pôs uma das mãos no meu ombro, e obrigou-me a estar sentado. Cuidei que ia dizer alguma coisa; mas estremeceu, como se tivesse um arrepio de frio, voltou as costas e foi sentar-se na cadeira, onde me achara lendo. Dali relanceou a vista pelo espelho, que ficava por cima do canapé, falou de duas gravuras que pendiam da parede.
- Estes quadros estão ficando velhos. Já pedi a Chiquinho para comprar outros.
Chiquinho era o marido. Os quadros falavam do principal negócio deste homem. Um representava "Cleópatra"; não me recordo o assunto do outro, mas eram mulheres. Vulgares ambos; naquele tempo não me pareciam feios.
- São bonitos, disse eu.
- Bonitos são; mas estão manchados. E depois francamente, eu preferia duas imagens, duas santas. Estas são mais próprias para sala de rapaz ou de barbeiro.
- De barbeiro? A senhora nunca foi a casa de barbeiro.
- Mas imagino que os fregueses, enquanto esperam, falam de moças e namoros, e naturalmente o dono da casa alegra a vista deles com figuras bonitas. Em casa de família é que não acho próprio. É o que eu penso; mas eu penso muita coisa assim esquisita. Seja o que for, não gosto dos quadros. Eu tenho uma Nossa Senhora da Conceição, minha madrinha, muito bonita; mas é de escultura, não se pode pôr na parede, nem eu quero. Está no meu oratório.
A idéia do oratório trouxe-me a da missa, lembrou-me que podia ser tarde e quis dizê-lo. Penso que cheguei a abrir a boca, mas logo a fechei para ouvir o que ela contava, com doçura, com graça, com tal moleza que trazia preguiça à minha alma e fazia esquecer a missa e a igreja. Falava das suas devoções de menina e moça. Em seguida referia umas anedotas de baile, uns casos de passeio, reminiscências de Paquetá, tudo de mistura, quase sem interrupção. Quando cansou do passado, falou do presente, dos negócios da casa, das canseiras de família, que lhe diziam ser muitas, antes de casar, mas não eram nada. Não me contou, mas eu sabia que casara aos vinte e sete anos.
Já agora não trocava de lugar, como a princípio, e quase não saíra da mesma atitude. Não tinha os grandes olhos compridos, e entrou a olhar à toa para as paredes.
- Precisamos mudar o papel da sala, disse daí a pouco, como se falasse consigo.
Concordei, para dizer alguma coisa, para sair da espécie de sono magnético, ou o que quer que era que me tolhia a língua e os sentidos. Queria e não queria acabar a conversação; fazia esforço para arredar os olhos dela, e arredava-os por um sentimento de respeito; mas a idéia de parecer que era aborrecimento, quando não era, levava-me os olhos outra vez para Conceição. A conversa ia morrendo. Na rua, o silêncio era completo.
Chegamos a ficar por algum tempo, - não posso dizer quanto, - inteiramente calados. O rumor único e escasso, era um roer de camundongo no gabinete, que me acordou daquela espécie de sonolência; quis falar dele, mas não achei modo. Conceição parecia estar devaneando. Subitamente, ouvi uma pancada na janela, do lado de fora, e uma voz que bradava: "Missa do galo! missa do galo!"
- Aí está o companheiro, disse ela levantando-se. Tem graça; você é que ficou de ir acordá-lo, ele é que vem acordar você. Vá, que hão de ser horas; adeus.
- Já serão horas? perguntei.
- Naturalmente.
- Missa do galo! repetiram de fora, batendo.
-Vá, vá, não se faça esperar. A culpa foi minha. Adeus; até amanhã.
E com o mesmo balanço do corpo, Conceição enfiou pelo corredor dentro, pisando mansinho. Saí à rua e achei o vizinho que esperava. Guiamos dali para a igreja. Durante a missa, a figura de Conceição interpôs-se mais de uma vez, entre mim e o padre; fique isto à conta dos meus dezessete anos. Na manhã seguinte, ao almoço, falei da missa do galo e da gente que estava na igreja sem excitar a curiosidade de Conceição. Durante o dia, achei-a como sempre, natural, benigna, sem nada que fizesse lembrar a conversação da véspera. Pelo Ano-Bom fui para Mangaratiba. Quando tornei ao Rio de Janeiro, em março, o escrivão tinha morrido de apoplexia. Conceição morava no Engenho Novo, mas nem a visitei nem a encontrei. Ouvi mais tarde que casara com o escrevente juramentado do marido.

Academia Brasileira de Letras - acervo


Pode consultar-se online o acervo bibliográfico da Academia Brasileira de Letras.

Euclides da Cunha


Um acervo na net muito completo. Aqui.

Vou-me embora pra Pasárgada, poema de Manuel Bandeira


Vou-me Embora pra Pasárgada, imortal poema de Manuel Bandeira


Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei



Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive



E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada



Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar



E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.


in Bandeira a Vida Inteira, Rio de Janeiro, Alumbramento, 1986, p. 90

Citações do Brasil de hoje: a vida do trabalho


"O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta.
É contratado o sujeito com mais marketing pessoal" - afirma Roberto Shinyashiki


- uma entrevista citada longamente pelo blog (muito interessante) da minha colega Prof. Andréa Wollmann, Cátedra Livre de Arte e Direito Clarisse Lispector.

Defesa bem humorada da Língua Portuguesa?



É "imperdível" este Samba.... de Zeca Baleiro, aqui cantado por Zeca Pagodinho.


(...)
Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do rush
Eu ando de ferryboat

Eu tenho savoir-faire
Meu temperamento é light
Minha casa é hi-tech
Toda hora rola um insight
Já fui fã do Jethro Tull
Hoje eu me amarro no Slash
Minha vida agora é cool
Meu passado é que foi trash

Fica ligada no link
Que eu vou confessar, my love
Depois do décimo drink
Só um bom e velho engov
Eu tirei meu green card
E fui pra Miami Beach
Posso não ser um pop star
Mas já sou um nouveau riche

Eu tenho sex appeal
Saca só meu background
Veloz como Damon Hill
Tenaz como Fittipaldi
Não dispenso um happy end
Quero jogar no dream team
De dia um macho man
E de noite drag queen

Lévi-Strauss no Brasil


Vídeo do recentemente falecido antropólogo (e não só) Claude Lévi-Strauss, evocando um pouco a sua aventura brasileira. Ele, para quem o Brasil mudou a vida e a carreira: "A minha carreira foi decidida num domingo de outono de 1934, às 9 horas da manhã, a partir de um telefonema." - afirmou, aludindo ao convite para leccionar na USP.

Sábado em Copacabana

Não é sábado, mas, em Portugal, para alguns hoje é domingo (é feriado: Restauração da Independência)... então, lembrei-me deste vídeo.

Análise Da Obra 'Raízes Do Brasil', de Sérgio Buarque De Holanda


"Raízes do Brasil, obra símbolo de uma época, foi publicada em 1936 sob a autoria de Sérgio Buarque de Holanda, quando ainda não era o “pai do Chico”. O livro, curto, claro, discreto e objetivo, divide-se em sete capítulos que, juntos, teorizam sobre nossa formação histórica e social." - assim começa a sua apreciação André Vinicius Mossate Jobim. Ver tudo aqui.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Língua Portuguesa, por Olavo Bilac


Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

in Poesias, Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, 1964, p. 262.

Muito mais citado no Brasil que em Portugal, mas mesmo assim muito citado. E continua um belo poema, com frescura e propriedade.

domingo, 29 de novembro de 2009

Algumas Crónicas de Carlos Drummond de Andrade

Algumas crónicas interessantes de Drummond de Andrade. Aqui. Recomendadas para análise.

COMPLEXO DE ZE CARIOCA Notas sobre uma identidade mestiça e malandra

Um texto, certamente polémico, mas muito interessante, de Lilia Katri Moritz Schwarcz. Aqui. E recomendado à leitura, estudo e discussão.

Confrontar este tópico (e estereótipo) do malandro com a canção de Chico Buarque: aqui.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

sessão de 25 de Novembro de 2009

Além de matérias metodológicas, foram estudadas três crónicas de Machado de Assis (O Nascimento da Crônica, de 1 de Novembro de 1877; A minha questão é outra, de 10 de Março de 1885, e Bondes elétricos, de 16 de Outubro de 1892).
Foi ainda analisada a crónica À Espera dos Bárbaros, de Affonso Romano de Sant'Anna, recolhida no seu livro Tempo de Delicadeza, Porto Alegre, L&PM, 2007, p. 25 ss.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

É hoje. Prof. Rui Bastos Tavares na ULP sobre o Brasil

O Prof. Dr. Rui Bastos Tavares, Historiador e Professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, proferirá uma aula aberta na ULP, às 18h 30 do dia 18 de Novembro de 2009, subordinada ao título:

O Brasil, História e Arte - Ser e (re)Ser


Rui Tavares (Aveiro, 1957). Historiador (Flup, 1980). Professor de História da Arquitectura e da Cidade na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (F.A.U.P.). Centra a sua investigação na história do desenvolvimento urbano e territorial dos séculos XIX e XX, aos níveis da gestão urbanística e da configuração urbana e arquitectónica, mais concretamente no período republicano. Desenvolve uma investigação sobre o impacto urbano dos caminhos de ferro em Portugal, articulada e integrada nos estudos para Doutoramento intitulados “Recentrocidade . Memória e Refundação Urbana . Cidade e Políticas Urbanas na 1ª República –Porto”. Publica e participa regularmente em revistas e congressos da especialidade. Participou e dirigiu diversos estudos arqueológicos integrados em projectos de reabilitação do património arquitectónico bem como trabalhos de planeamento urbanístico, como consultor para as áreas de história e património, com destaque para Guimarães, Porto, Barcelos, S. Pedro do Sul, Aveiro, Nova Aldeia da Luz e Porto/2001. Integrou os estudos iniciais do processo de candidatura do Porto a Património Mundial, como co-autor de “Bases para a compreensão do desenvolvimento urbanístico do Porto”(1987-1993). Integrou a equipa de estudos sobre a Viabilidade de Candidatura do Centro Histórico de Gaia a Património Mundial para a F.A.H. Entre as principais publicações - “Da Avenida da Cidade ao Plano para a Zona Central: a intervenção de Barry Parker no Porto”(Porto-CMP,1985-1986). - “Oporto”. Atlas Historico de las Ciudades Europeas (Barcelona-CCCB, 1994). - “Alfândega Nova – o Sítio e o Signo” (Porto-MTC,1995) - “Aveiro – Entre ria e mar”,(Lisboa-Expresso, 1996). - “Oporto, History and Urban Development” (Londres-The Dictionary of Art, 1996). - “Porto 2001 : Regresso à Baixa” (Porto, 2001). -“Urban Recentering. Memory and Urban Refoundation. The Oporto Replanning of Central Area by Barry Parker (1916)” (Barcelona - Conference book-11th Conference of the International Planning History Society - IPHS 2004) - RECENTROCIDADE, Memória e Refundação Urbana. O Centro Histórico do Port.O ‘Plano do Centro Cívico do Porto (1916)’ de Barry Parker, Arquitecto”. (Porto, Conservar para Quê, 2004). - “Memória e Refundação Urbana. Conservar e desenvolver a Cidade. O caso do Porto”. (APHA, Boletim Interactivo 2004, www.apha.pt/boletim)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Carlos Drummond de Andrade

um link sobre o autor...

Aulas e conferências de Estudos Brasileiros

Após apresentação, programas, metodologias, etc., aulas mais substanciais:

14 de Outubro: Movimentos sociais e políticos no Brasil. Com referências à história social brasileira.

28 de Outubro: Literatura Brasileira.

11 de Novembro (4h): - O problema da imagem de si do outro (entre culturas e países). Questões de antropologia e de relações internacionais. A(s) imagem(ns) portuguesa(s) do Brasil, e a(s) imagem (ns) brasileira(s) de Portugal.
- Geografia, Antropologia e autognose do Brasil.
- O Brasil e a Lusofonia. A questão ortográfica e a questão linguística. A questão cultural e política da Língua.
Introdução ao estudo cultural e social do Brasil através da crónica. Teorização prévia da crónica como documento político, testemunho social, etc. Análise breve de uma crónica autobiográfica de Carlos Drummond de Andrade.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Aula Aberta na Universidade Lusófona do Porto

O Prof. Dr. Rui Bastos Tavares, Historiador e Professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, proferirá uma aula aberta na ULP, às 18h 30 do dia 18 de Novembro de 2009, subordinada ao título:

O Brasil, História e Arte - Ser e (re)Ser

domingo, 25 de outubro de 2009

Partidos Políticos Brasileiros

Uma lista e síntese dos partidos brasileiros pode consultar-se aqui.

Mais pormenores, por exemplo, aqui.

Centro de Filosofia Brasileira

Muito rico e interessante, e com participação de distintos professores e pesquisadores brasileiros e portugueses é o blog do Centro de Filosofia Brasileira. Com recursos a serem indispensavelmente consultados. "Imperdível".

sábado, 24 de outubro de 2009

LITERATURA BRASILEIRA

Aula aberta na Universidade Lusófona do Porto, com a Prof.ª Doutora Maria Luísa Malato, Professora Associada com Agregação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, na quarta-feira, 28 de Outubro, às 18.30h.

A Professora Maria Luísa Malato é Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Mestre em Literatura Comparada pela mesma Universidade, Doutora em Literatura Comparada pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e Agregada pela mesma Faculdade.


Da sua extensa bibliografia, destacam-se:

• Camus, Porto, Rés Editora, 1984;
• Manuel de Figueiredo, uma perspectiva do neo-classicismo português (1745-1777), Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1995;
• AA. VV. – BIBLOS. Enciclopédia das Literaturas de Língua Portuguesa, Lisboa, Verbo, 1995-2005, 5 vols., verbetes “Pedegache Ivo, Miguel Tibério”; “Piolho Viajante (O)”; “Ratos da Inquisição (Os)”; “Salgado (Pêro)”; “Maldonado, João Pimentel”; “Malhão, Francisco Manuel Gomes da Silveira”; “Malhão, P.e Francisco R. da Silveira”; “Paiva, Manuel José de”; “Macedo, José Agostinho de”; “Motim Literário”; “Oliveira, Cavaleiro de”; “Figueiredo, Manuel de”; “[O] Feliz Independente”; “Gomes, Francisco Dias”; “Almeida, Padre Teodoro de”; “Academias”; “Balsemão, 1.ª Viscondessa de”;
• «El Siglo XVIII. Ilustración, Neoclasicismo y Prerromanticismo» in Historia de la Literatura Portuguesa, eds. José Luis Gavilanes y António Apolinário, 1 volume, Madrid, Cátedra, 2000, pp. 335-380;
• (co-edição) José Anastácio da Cunha – Obras Completas, Porto, Campo das Letras (responsável pela introdução biográfica, notas, organização e publicação de manuscritos e documentos inéditos), vol. I e vol. II, 2001 e 2006;
• «A Utopia Neoclássica. História do Movimento Arcádico» in AA. VV. – História da Literatura Portuguesa, 5 volumes, Lisboa, Edições Alfa, 2002, vol. III, pp. 263-317;
• «Não há Utopias Portuguesas?» in Estilhaços de Sonhos. Espaços de Utopia, org. Fátima Vieira e Teresa Castilho, Porto / V. N. de Famalicão, FLUP / Quasi, 2004, pp. 58-73;
• (em colab.) «Em Demanda da Anti-Retórica. Uma História com Direito» in Teoria del Diritto e Dello Stato. Rivista europea di Cultura e Scienza Giuridica, nº 3: Retórica e Diritto, Torino, G. Giappichelli Editore, 2004, pp. 349-372;
• «Distância e Instância. A Identidade narrativa no Verdadeiro Método de Estudar» in AA. VV. – Luís António Verney: Percursos para um Verdadeiro Método de Estudar, Évora, Universidade de Évora, 2005, pp. 19-40;
• «Biografia, Bibliografia e Interdisciplinaridade» in Cadernos Interdisciplinares Luso-Brasileiros, nº 1, São Paulo, Jul. / Dez., 2006, pp. 49-67.

É co-autora de um Manual de Retórica e Direito, e autora de uma História da Literatura Europeia.

Não há muito, publicou em Portugal, na Imprensa Nacional-Casa da Moeda, um livro sobre a poetisa Viscondessa de Balsemão, e no Brasil, com a chancela da Livraria do Advogado editora, de Porto Alegre, um Manual Anti-Tiranos.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Programa de Estudos Brasileiros (breve)

- Para uma “Teoria do Brasil”. O(s) brasileiro(s): Breve(s) retrato(s) do Brasil:
- O Brasil Social e Político. Temas e problemas da atualidade brasileira.
- O Brasil visto pela Literatura. Literatura Brasileira.
- O Brasil Histórico e Artístico.
- O Brasil jurídico. Uma Comunidade Constitucional Lusófona?
- O Brasil filosófico. Uma Filosofia luso-brasileira?

- O problema da imagem de si do outro (entre culturas e países). Questões de antropologia e de relações internacionais. A(s) imagem(ns) portuguesa(s) do Brasil, e a(s) imagem (ns) brasileira(s) de Portugal.
- O Brasil e a Lusofonia. A questão ortográfica e a questão linguística. A questão cultural e política da Língua.

domingo, 18 de outubro de 2009

Links interessantes

Revista Lusotopia 1997: aqui se encontram alguns resumos de artigos interessantes sobre lusofonia e afins. Daqui se chega, saltando de link em link, a muito mais...

sábado, 17 de outubro de 2009

Alguns estudos online de Paulo Ferreira da Cunha sobre temas brasileiros ou em publicações brasileir

Alguns estudos online de Paulo Ferreira da Cunha
sobre temas brasileiros ou em publicações brasileiras

Direito Constitucional
Constituição, Utopia e Utopismo - O Exemplo da Constituição Cidadã Brasileira, Revista Jurídica Cesumar – Mestrado (2009)
Hermenêutica Constitucional entre Savigny e o Neoconstitucionalismo, Neoconstitucionalismo (2009)
Neoconstitucionalismo: de Espectro a Realidade, Neoconstitucionalismo (2009)
Valores e Virtudes no Aprofundamento do Estado de Direito – uma Perspectiva Luso-Brasileira, Revista Internacional d´Humanitats (2009)
Da Constituição Antiga à Constituição Moderna. República e Virtude, Revista Brasileira de Estudos Constitucionais (2008)
Para uma Ética Constitucional: Dos Valores e das Virtudes no Estado Constitucional, Revista Latino-Americana de Estudos Constitucionais (2008)
Princípio Republicano e Virtudes Republicanas, Revista Mestrado em Direito”, EDIFIO, número “Direitos Humanos Fundamentais” (2008)
Uma Filosofia Constitucional Comum (Luso-Brasileira), 1988-2008: 20 Anos da Constituição Cidadã (2008)
Princípios-Tópicos de Hermenêutica Constitucional, Revista Brasileira de Estudos Constitucionais (2007)
Constituição Europeia – Balanço Teórico e Perspectivas Práticas, Videtur (2005)
Desafios da Constituição Europeia à Teoria Constitucional, Revista Brasileira de Direito Constitucional (2005)
Direitos Humanos, Fundamentais e afins
Direito à Informação ou Deveres de Protecção Informativa do Estado?,, Direitos Fundamentais, Informática e Comunicação. Algumas Aproximações (2007)
Religião, Direitos Humanos e Educação, Cadernos Interdisciplinares Luso-Brasileiros (2006)
Direitos de Personalidade, Figuras próximas e Figuras longínquas, Jurisdição e Direitos Fundamentais (2006)
As Liberdades Tradicionais e o Governo de D. João VI no Brasil, Quaderni Fiorentini per la Storia del Pensiero Giuridico Moderno (2003)

Ensaio, Filosofia e Artes
A Kairicidade do Pensamento Neohelénico: a Obra de Evanghélos Moutsopoulous, Notandum (2009)
Lux ex Tenebris. Traduzindo um Manuscrito Medieval Irlandês do séc. VIII-IX, Notandum (2006)
La Culture Portugaise et la France Littéraire, Videtur (2003)
Renascimento e Barroco na Pintura Europeia, Videtur (2003)
Filosofia do Direito
Do Direito Natural ao Direito Fraterno, Revista de Estudos Constitucionais, Hermenêutica e Teoria do Direito” (RECHTD) (2009)
O que é a Justiça? Arqueologia e Heurística de uma Noção de Justiça a partir um passo de um Sermão de Santo António do 4.º Domingo depois da Páscoa, Notandum (2009)
Reflexões sobre o Direito Contemporâneo, Revista Páginas de Filosofia (2009)
Liberdade, Ética e Direito, Nomos. Revista do Curso de Mestrado da Universidade Federal do Ceará (2008)
Direito e Literatura. Introdução a um Diálogo, Notandum (2007)
L’Équité: le Legs Réaliste Classique et la Pensée de Michel Villey, Notandum (2007)
Dialéctica, Tópica, ou Retórica Jurídicas?, Revista Telemática de Filosofía del Derecho (2002)
O Comentário de Tomás ao Livro V da Ética a Nicómaco de Aristóteles, Videtur (2002)
Virtudes cardeais no afresco de Rafael – Arte, Ética e Jusfilosofia, Videtur (2002)
Juridical Sciences in Question, Short Studies on Philosophy & Education (2000)

História do Direito Constitucional, História e História do Direito
Do Constitucionalismo Brasileiro: Uma introdução histórica (1824-1988), Historia Constitucional (2007)
Identidades, Etnocentrismos e Romance Histórico – Encontros e Desencontros no Brasil Nascente e nas Raízes de Portugal, Videtur (2004)

Poesia, Filosofia Política, Educação
Livro de Horas Vagas , editado em São Paulo (2005)
Escadas do Liceu , editado em São Paulo (2004)
Lion in Winter – Tomás Moro na nossa estação. Diálogos com o Direito Constitucional, o Cristianismo e a Utopia Social, Revista Brasileira de Direito Constitucional (2006)
Crise dos Recursos Humanos no Ensino Superior, Videtur (2002)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Brasiliana da USP - acervo importantíssimo


Vale a pena demorarmo-nos no acervo da USP Brasiliana.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Recursos brasílicos online - editora Mandruvá


no sítio da Editora Mandruvá se encontram inúmeras revistas online de altíssimo nível.

Affonso Romano de Sant'Anna - cronista excelente da atualidade


Página oficial de Affonso Romano de Sant'Anna, designadamente contendo, entre muito mais coisas, crónicas em Audio.

Um trecho do autor, para que me chamou a atenção o meu querido amigo Prof. Doutor Marcelo Lamy:

“…Não se conhece bem um homem que nunca deixou a barba crescer. Digo isto sem preconceitos, porque não mais pertenço a confraria dos barbados. Mas estou convencido de que se conhece mal um homem que nunca deixou irromper na floresta de seu rosto, o outro, o selvagem, o agente adormecido, o hirsuto… Há mulheres que, tendo conhecido a sabedoria erótica da barba nos lençois do dia, nunca mais se contentarão com a banalidade barbeada de outros amores… Indizível prazer é esse de confiar a barba. Inconsciente. Ritualisticamente. Enquanto se lê, enquanto se aguarda o outro dizer uma frase estúrdia, enquanto se toma um vinho ou se afaga o cão junto a lareira, e fechando, bem dizia Walmor Chagas outra noite num jantar quando se discutia a metafísica da barba: a barba é uma mascara como no teatro; é outro em nós, um modo de o personagem se experimentar em cena…”

in Que presente te dar

(foto do autor colhida aqui, com o devido agradecimento).

Letra do Hino Brasileiro


Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido,
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo
És mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores". (*)

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- Paz no futuro e glória no passado.

Mas se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo
És mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

(na imagem: D. Pedro I do Brasil compondo o hino da independência - que não é este. Fonte: wikipedia)

Saudade, Exílio, Saudades do Futuro - Canção do Exílio, Gonçalves Dias


Saudade, Exílio, Saudades do Futuro - Temas muito lusófonos. Porque não discuti-los aqui?
Entretanto, o poema completo de Gonçalves Dias

Canção do Exílio

"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."

Gonçalves Dias

(imagem: composição de Lima de Freitas)

Alguns contributos de PFC para os Estudos Lusófonos


- Acordo Linguístico e a Política da Lusofonia, in “Res-Publica. Revista Lusófona de Ciência Política e Relações Internacionais”, ano IV, n.º 7/8, 2008, número monográfico sobre “O Acordo ortográfico da Língua Portuguesa”, pp. 11-15
Lusofilias, Porto, Caixotim, 2005
Ortografia, Lusofonia e Direito, “Folha de São Paulo”, 1 de Fevereiro de 2009 (em colaboração)
- Uma Comunidade Constitucional Lusófona, in Res Publica. Ensaios Constitucionais, Coimbra, Almedina, 1998, p. 157 ss.

Crónicas selecionadas


Um dos encantos da Cultura e da Literatura brasileiras é a criatividade e profundidade das suas crónicas.
Por todos, v.

- SANTOS, João Ferreira dos - As Cem Melhores Crônicas Brasileiras, Rio de Janeiro, Objetiva, 2007

Gosto particularmente de Rubem Braga, Nelson Rodrigues, Clarice Lispector, Afonso Romano de Sant’Anna... Mas, realmente, há tantos tão interessantes...

Querem deixar mais algumas sugestões? E de crónicas em concreto (com referência)?

(foto de Clarice Lispector, recolhida aqui, com a devida vénia)

Acabado de receber do Brasil, num volume portentoso



Trata-se de uma obra de referência fundamental.

O nosso modesto contributo foi o artigo que abre o título "Da organização dos poderes": Paulo Ferreira da Cunha - Do Conceito de Poder Legislativo, in Comentários à Constituição Federal de 1988, coord. Paulo Bonavides, Jorge Miranda, Walber de Moura Agra, Rio de Janeiro, Forense, 2009, pp. 864-868.

Bibliografia para Começar em Estudos Brasileiros




Francisco ALENCAR et alii, História da Sociedade Brasileira, Rio de Janeiro, Ao Livro Técnico, 1996
Alberto Carlos ALMEIDA – A Cabeça do Brasileiro, 2.ª ed., Rio de Janeiro / São Paulo, Record, 2007
Alfredo BOSSI – História Concisa da Literatura Brasileira, Cultrix, 1979
Brasil. Guia American Express, ed. port., Porto, Civilização, 2008
Pedro CALMON - História do Brasil, Rio de Janeiro, José Olympio, 1959, 7 vols.
Paulo FERREIRA DA CUNHA - Acordo Linguístico e a Política da Lusofonia, in “Res-Publica. Revista Lusófona de Ciência Política e Relações Internacionais”, ano IV, n.º 7/8, 2008, número monográfico sobre “O Acordo ortográfico da Língua Portuguesa”, pp. 11-15
Paulo FERREIRA DA CUNHA – Lusofilias, Porto, Caixotim, 2005
Paulo FERREIRA DA CUNHA et al. – Ortografia, Lusofonia e Direito, “Folha de São Paulo”, 1 de Fevereiro de 2009
Paulo FERREIRA DA CUNHA - Uma Comunidade Constitucional Lusófona, in Res Publica. Ensaios Constitucionais, Coimbra, Almedina, 1998, p. 157 ss.
Gilbert DURAND – Imagens e Reflexos do Imaginário Português, trad. port., Lisboa, Huguin, 2000,
Sérgio Buarque de HOLANDA – Raízes do Brasil, 4.ª ed. (1.ª portuguesa), Lisboa, Gradiva, 2000
Manuel de OLIVEIRA LIMA - Formação Histórica da Nacionalidade Brasileira, Rio de Janeiro, Companhia Editora Leitura, 1944
Eduardo LOURENÇO – O Labirinto da Saudade. Psicanálise Mítica do Destino Português, Lisboa, Dom Quixote, 1978
Djacir MENEZES (org.) – O Brasil no Pensamento Brasileiro, Brasília, Senado Federal, 1998
Manuel da Costa PINTO – Literatura Brasileira hoje, São Paulo, Publifolha, 2005.
Darcy RIBEIRO – O Povo Brasileiro, 2.ª ed., 20.ª reimp., São Paulo, Companhia das Letras, 1995
João Ferreira dos SANTOS - As Cem Melhores Crônicas Brasileiras, Rio de Janeiro, Objetiva, 2007
Agostinho da SILVA – Ensaios sobre Cultura e Literatura Portuguesa e Brasileira, Lisboa, Círculo de Leitores, 2002, 2 vols.

Nelson Werneck SODRÉ - O que se deve ler para conhecer o Brasil, Editora Leitura, 1945
Walter ZANINI (org.) – História Geral da Arte no Brasil, Instituto Moreira Sales, 1983, 2 vols.


(imagem colhida aqui, com a devida vénia)